Como pode o Património Cultural beneficiar do Marketing Digital, Storytelling e da Inteligência Artificial?
Comunicar com um público é mais do que um jogo de palavras. É, também, muito mais que passar informações que, por mais factuais que sejam, não são facilmente entendíveis por quem as lê, ouve ou as vê.
A quem se destina o nosso conteúdo ou apresentação? Apresentamos os resultados de uma escavação arqueológica a especialistas ou estamos num museu rodeados de pessoas que não sabem o que é uma "terra sigillata"?
Além disso, através de que meios comunicamos? Interagimos diretamente com quem recebe a mensagem ou comunicamos à distância através de canais digitais e físicos?
Se refletirmos um pouco acerca destas questões, perceberemos rapidamente que o ato de comunicar é complexo, implica planeamento e, tão importante, que percebamos as dificuldades de quem recebe a mensagem.
Essas dificuldades podem ser de algum modo ultrapassadas quando estamos num processo comunicacional presencial, onde os interlocutores podem intervir e questionar. Mas quando se trata da comunicação através de meios digitais como redes sociais, newsletters, blogues ou websites institucionais, a sua natureza assíncrona, que limita a interação, pode levar a resultados pouco eficazes e até mesmo a "desastres" de relações-públicas.
Ferramentas como o marketing digital, o storytelling e a inteligência artificial podem ajudar a ultrapassar esses problemas e revolucionar a forma como as instituições culturais comunicam com o público, impulsionando o envolvimento da comunidade e, assim, informar e valorizar o património cultural de forma clara e eficaz.
O Marketing Digital para ampliar o alcance e a relevância.
Uma das principais vantagens do marketing digital é a possibilidade de segmentar o público-alvo e criar conteúdos relevantes e personalizados. Com ferramentas de análise de dados, é possível identificar as preferências, interesses e comportamentos dos visitantes, permitindo que as instituições culturais desenvolvam estratégias de comunicação mais eficazes e assim alargar a audiência dos seus conteúdos.
Por exemplo, um museu pode usar as redes sociais para partilhar imagens e vídeos das suas exposições, publicar artigos sobre temas relacionados à história e à cultura e promover eventos especiais dirigidos, especificamente, para um público-alvo.
Ao mesmo tempo, pode utilizar o "e-mail marketing", segmentando também as mensagens, para enviar newsletters com notícias, promover os seus eventos/atividades de maneira personalizada, e interagir através desse canal com instituições de ensino fornecendo-lhes conteúdos educativos relacionados com os programas escolares.
Além disso, o marketing digital permite que, por exemplo, museus e sítios arqueológicos interajam diretamente com os seus visitantes. Através de comentários nas redes sociais, mensagens diretas e chats online, as instituições podem responder a perguntas, fornecer informações adicionais e oferecer suporte aos visitantes. Essa interação ajuda a criar uma relação mais próxima com o público e fortalecer a imagem da instituição.
O Storytelling para contar histórias que conectam e inspiram.
O storytelling é uma ferramenta poderosa para "dar vida" e contexto ao património cultural, tornando-o mais acessível e atraente para o público. Com narrativas bem construídas, o storytelling pode transformar factos históricos em experiências imersivas que transportam o público para diferentes épocas e lugares, criando conexões profundas e duradouras.
As instituições do património recorrem cada vez mais ao storytelling para se conectar com o público e promoverem as suas atividades e o património pelo qual são responsáveis. Através de vídeos, podcasts, posts em redes sociais e até mesmo com experiências de realidade virtual, essas instituições criam experiências únicas que permitem ao público explorar o património cultural de forma interativa e envolvente.
O storytelling é uma forma eficaz de educar e informar o público sobre o património cultural, tornando-o mais relevante e significativo para as pessoas. Ao contar histórias sobre os artefactos, as obras de arte e os locais históricos, as instituições culturais podem ajudar o público a entender melhor a sua importância e a apreciarem a sua beleza.
O storytelling também pode ser usado para promover o turismo cultural e a economia local. Ao criar experiências que atraem visitantes, as instituições culturais podem ajudar a impulsionar a economia local e criar empregos. Além disso, o bom uso do storytelling ajuda a promover a coesão social e a inclusão, criando um sentimento de pertença e a valorização comum.
O storytelling é uma ferramenta poderosa que pode estar ao serviço do património cultural, tornando-o mais acessível e atraente ao público, educando e informando, promovendo o turismo cultural e a economia local, a coesão social e a inclusão.
A Inteligência Artificial para inovar e personalizar
A inteligência artificial (IA) está a transformar a maneira como nos comunicamos, afetando, também, a forma de comunicar o património cultural. Quando criadas para servir propósitos específicos, podem-se tornar aliados na investigação, comunicação e valorização do património cultural.
Por exemplo, os Chatbots podem fornecer informações em tempo real aos visitantes, enquanto algoritmos de recomendação podem sugerir obras de arte e exposições personalizadas com base nos interesses de cada indivíduo. A IA também pode ser usada para criar experiências interativas e imersivas, como visitas virtuais guiadas por personagens históricos recriados digitalmente.
A IA tem o potencial inovar na maneira como interagimos com o património cultural. Ela pode tornar as exposições mais acessíveis e envolventes, e ajudarem os visitantes a aprenderem mais sobre a história local e o património cultural. A IA também pode ser utilizada para preservar o património cultural, através da criação de cópias digitais de artefactos e da transcrição de documentos históricos.
A IA é uma ferramenta poderosa que pode ser usada de várias formas. Devemos ter sempre em conta que a IA deve usada de maneira responsável e ética. As empresas e organizações que usam IA devem tomar medidas para garantir que a IA seja usada de forma justa e não discriminatória.