A Inteligência Artificial e o Património Cultural

A Inteligência Artificial (IA) tem revolucionado diversos setores, e o património cultural não é exceção. Em Portugal, a aplicação da IA na investigação, preservação e divulgação do património cultural apresenta um grande potencial, mas também desafios e dilemas éticos que merecem reflexão.

A Inteligência Artificial e o Património Cultural
Fotografia de Barbara Zandoval / Unsplash

A Inteligência Artificial oferece diversas oportunidades de inovação no património cultural como, por exemplo, a automatização de tarefas repetitivas, a digitalização, a catalogação, a sumarização de grandes volumes de texto, a interação do público com a informação e a análise de dados por algoritmos de IA que revelam padrões e relações que aprofundam a compreensão do património cultural.

Exemplo de sumarização e interação com publicações científicas utilizando um Assistente de IA. Esta funcionalidade tanto pode ser útil para investigadores como para o público. Para este ensaio fechado, recorreu-se à Revista Oppidum n. 1, publicação da Câmara Municipal de Lousada.

No entanto, a IA também apresenta desafios. A implementação de tecnologias de IA pode ser cara, exigindo investimentos em hardware, software e treino. Questões éticas como enviesamento algorítmico e a eventual perda de empregos precisam ser consideradas.

A interpretação dos resultados da IA requer cuidado e conhecimento especializado e, a dependência da tecnologia, aumenta a vulnerabilidade, falhas e ataques cibernéticos. Além disso, a excessiva automatização pode levar à perda do toque humano essencial na investigação, preservação e divulgação do património cultural.

Vantagens da IA na Investigação, Preservação e Divulgação do Património Cultural Português.

Busto de Marco Aurélio gerado por uma IA Generativa de última geração. Nesta imagem conseguimos perceber o alto nível de detalhe, por exemplo, no cabelo e na textura da pedra. Esta imagem foi gerada em julho de 2024.
  1. Automatização e Eficiência: A IA permite automatizar tarefas repetitivas e demoradas, como a digitalização de documentos, a catalogação de artefactos e a análise de dados, libertando os investigadores para se concentrarem em tarefas mais complexas e criativas.
  2. Análise e Interpretação de Dados: Algoritmos de IA podem analisar grandes volumes de dados, identificando padrões e relações que seriam difíceis de detetar manualmente, contribuindo para uma compreensão mais profunda do património cultural.
  3. Reconstrução e Restauro Virtual: A IA pode ser utilizada para criar modelos 3D de monumentos e artefactos, permitindo a sua reconstrução virtual e o estudo de diferentes cenários de restauro, auxiliando na tomada de decisões mais informadas.
  4. Acessibilidade e Interação: A IA pode ser utilizada para criar experiências interativas e imersivas, como visitas virtuais a museus e sítios arqueológicos, assim como, o acesso e interação com documento nos Arquivos, tornando o património cultural mais acessível a um público mais vasto.
  5. Preservação Digital: A IA pode ajudar a preservar o património cultural através da criação de cópias digitais de alta qualidade, que podem ser utilizadas para fins de estudo, educação e divulgação, minimizando o desgaste dos originais.

Desvantagens e Desafios da IA na Investigação, Preservação e Divulgação do Património Cultural.

Um retrato de D. Sancho I, onde é evidente o erro da IA Generativa na mão direita. Além disso, apesar de ter sido utiliza como base uma ilustração existente no Arquivo Digital da Biblioteca Nacional de Portugal, o resultado está bastante distante do esperado. Esta imagem foi gerada em dezembro de 2023.
  1. Custos e Recursos: A implementação de tecnologias de IA pode ser dispendiosa, exigindo investimentos em hardware, software e formação especializada, o que pode ser um obstáculo para algumas instituições.
  2. Questões Éticas e Sociais: A utilização da IA levanta questões éticas, como a possibilidade de enviesamento algorítmico, a perda de postos de trabalho e a necessidade de garantir a transparência e a responsabilidade na utilização de dados.
  3. Autenticidade e Interpretação: A IA pode gerar resultados impressionantes, mas a sua interpretação requer cuidado e conhecimento especializado, para evitar conclusões precipitadas ou erróneas.
  4. Perda do Lado Humano: A excessiva automatização pode levar à desumanização na investigação e divulgação do património cultural, comprometendo a sua dimensão social e cultural.

A Inteligência Artificial tem o potencial de transformar a forma como investigamos, preservamos e divulgamos o património cultural. No entanto, a sua implementação deve ser feita de forma ponderada e crítica, tendo em conta os desafios e dilemas éticos que a acompanham. É fundamental encontrar um equilíbrio entre a inovação tecnológica e a salvaguarda dos valores culturais e sociais que o património representa.

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